Entre duas culturas principais, no período interculturas, o teor de nitratos presente no solo varia consoante as condições climáticas do ano, a sucessão de culturas na parcela e as práticas culturais empregues.
O processo de mineralização decorre naturalmente, desde que as condições sejam favoráveis (humidade e temperatura do solo). No Outono, a mineralização continua a decorrer, pois ainda há condições de temperatura e humidade suficientes, embora nesta época do ano as culturas tenham a sua capacidade de absorção de azoto muito diminuída.
Uma parte do azoto disponível no solo provém do azoto aplicado na fertilização, que não foi absorvido pela cultura. Este facto é possível, mesmo se a adubação tenha sido calculada racionalmente. Uma das causas possíveis para esta presença de azoto nítrico no solo são as condições climatéricas verificadas ao longo do ciclo cultural do milho, que podem ter influenciado negativamente a produtividade em relação aos objectivos iniciais.
Os sistemas culturais, que incluem a aplicação de grandes quantidades de matéria orgânica, geram, por mineralização, fluxos de azoto em quantidades importantes fora dos períodos de maior absorção pelas culturas. Este azoto, assim transformado em nitratos, pode ser lixiviado no Outono, Inverno ou mesmo na Primavera seguinte.
Para limitar este risco, é conveniente que, em caso de períodos interculturas longos, se assegure uma boa gestão dos resíduos da cultura e que o período de solo nu, durante o Inverno, seja o mais curto possível.
2. PRÁTICAS ACONSELHADAS:
· Em parcelas que se possam intitular “de risco” (pela natureza do seu solo, pelos teores de nitratos presentes após a colheita do milho), implantar uma cultura de Inverno logo após a saída do milho, se for possível;
· Antes da entrada do milho na parcela, é recomendável recorrer a culturas intercalares com consumos elevados de azoto. Nem sempre é possível recorrer a esta técnica pois, por vezes, a colheita do milho é demasiado tardia e não permite um desenvolvimento suficiente da cultura intercalar ou existem outros entraves que impedem a instalação da cultura;
· Desde que a cultura intercalar seja possível, a sua sementeira deve ser realizada precocemente, o que normalmente pode ocorrer se a cultura do milho que a precede for destinada a silagem. O coberto vegetal implantado deve ser destruído suficientemente cedo (Fevereiro), para que as reservas do solo em água não sejam muito afectadas pelos consumos desta cultura.
3. PRÁTICAS A EVITAR:
· Evitar semear milho nas parcelas da exploração que apresentam mais riscos para as águas (perto de linhas de água, parcelas com forte inclinação, solos muito permeáveis);
· Evitar aplicar azoto mineral na cultura intercalar ou depois do enterramento dos caules;
· Evitar destruir tardiamente a cultura intercalar.